Ligação universal entre ambientes híbridos, cibersegurança, autenticação geral, Inteligência artificial, Covid e 5G vão marcar o sector da segurança durante este ano. São estas as previsões da Axis Communications para 2022
O início de cada ano permite fazer análises e previsões sobre os principais desenvolvimento expectáveis. No campo da tecnologia e segurança, o conceito de “confiança” é frequentemente abordado, embora com ligeiras diferenças ao longo dos anos. Porém, embora o contexto possa mudar ligeiramente, a confiança na utilização dos dados, na segurança dos sistemas, ou na necessidade fundamental de confiar que as organizações agem corretamente, mantêm-se constantes.
O ritmo acelerado da inovação tecnológica deverá ser acompanhado pela evolução da confiança face ao uso da tecnologia. E o ano de 2022 não deverá ser diferente.
As novas tecnologias devem ser desenvolvidas, fabricadas, usadas e protegidas de modo a que se possa confiar nos seus benefícios. Isto significa trabalhar sempre em direção a um mundo mais inteligente e seguro. Agora que já estamos em 2022, é interessante ver como as tendências tecnológicas que perspectivamos para o ano, podem estar ligadas à necessidade de construir um ecossistema tecnológico fiável.
1 - Ligação universal em ambientes híbridos
Para o utilizador final da tecnologia - seja o consumidor que usa o smartphone ao gestor de videovigilância - a arquitetura tecnológica usada para fornecer serviços tornou-se invisível. Não importa se o processo acontece num dispositivo, num servidor local ou num data center remoto - tudo está ligado.
No ano passado, uma das tendências foi o mundo tornar-se "horizontal", onde a combinação da nuvem, servidor local e tecnologias de ponta, seriam cada vez mais usadas em conjunto, cada uma focada nos seus pontos fortes, nas chamadas soluções híbridas. Isto não mudou, e é evidente que a questão da arquitetura é única para cada cliente, e deve ter em conta tanto os recursos e políticas internas como os fatores externos - regulamentações locais e internacionais.
Os fornecedores de soluções de segurança, não deverão definir os ambientes e arquiteturas a serem utilizados pelo cliente, mas sim dotá-los de ferramentas e flexibilidade necessárias para encontrar a melhor solução para cada situação.
A conexão passou a ser a norma, e a maioria das soluções de vigilância acabará por ser híbrida, o que terá várias implicações.
2 - Cibersegurança: ceticismo saudável
Nem sempre pensamos no ceticismo como um factor positivo, mas em relação à cibersegurança pode ser um traço prudente. Os milhares de milhões de conexões que existem agora entre dispositivos, redes e data centers tornaram o conceito de proteção de um perímetro ao redor de qualquer organização quase obsoleto. Paredes que poderiam ter existido antes tornaram-se permeáveis e uma nova abordagem de segurança surgiu: redes sem confiança.
A pandemia do vírus COVID-19 desempenhou um papel neste sentido, pois uma maior flexibilidade na forma de trabalhar originou que mais dispositivos, anteriormente usados dentro das organizações, passassem a estar ligados remotamente pela Internet Pública.
Quando as redes de confiança zero significam que o perfil de segurança de cada dispositivo e aplicação que se conecta a uma rede é avaliado, independentemente, de cada vez que se conecta, isso tem implicações significativas para o sector da videovigilância. O firmware, atualizações regulares de software, inicialização segura, dados e vídeos encriptados e identidade segura passarão a ser fatores imprescindíveis nas soluções do cliente, em vez de "vale a pena ter" passaram a ser "obrigatórios".
3 - Autenticação total
Embora a adoção de uma abordagem de confiança zero para a cibersegurança se foque na autenticação da ligação de dos dispositivos e aplicações, a capacidade de estabelecer a autenticidade da própria videovigilância é fundamental para confiar no seu valor.
A manipulação do vídeo, juntamente com a crescente sofisticação na criação de imagens manipuladas, significa que podemos ver questionada com mais frequência a autenticidade das imagens de videovigilância. Portanto, será imperativo que a videovigilância possa ser inegavelmente estabelecida como genuína. Uma forma de criar essa fiabilidade, consiste em adicionar uma assinatura digital ao fluxo de vídeo no ponto de captura - um hash em cada frame de vídeo - que funciona como prova que o vídeo foi produzido por uma câmara específica e não foi adulterado desde então.
Este é um problema universal para a indústria de segurança. Por isso, é necessário que a indústria se coordene de modo a criar iniciativas para padronizar abordagens e garantir a autenticidade do material de vídeo captado por câmaras de videovigilância, idealmente com base em iniciativas e software de código aberto.
4 - Inteligência Artificial irá estabelecer-se e ser aceite
Atualmente não é possível escrever sobre tendências tecnológicas sem mencionar a inteligência artificial (IA). Muitos podem argumentar que a IA não é mais uma tendência, mas já é algo real. De facto, todos nós usamos e estamos expostos diariamente a serviços baseados em IA e deep learning. Na perspectiva da AXIS a tecnologia em si não deve ser regulamentada, mas sim a utilização dessa tecnologia. A legislação e regulamentação relacionadas com o desenvolvimento e uso de tecnologias e aplicações baseadas em IA devem ser desenvolvidas ao nível local, regional e internacional. E, claro, todas as organizações que usam IA devem cumprir essa regulamentação.
Embora o potencial da IA e deep learning em videovigilância seja elevado, é expectável ver um foco ainda maior em iniciativas para garantir que a IA seja aplicada de forma ética e sem preconceitos. Isso é bom e irá tornar-se ainda mais importante à medida que a IA for integrada em todos os aspectos da videovigilância. Uma maior integração da IA nos níveis mais fundamentais da tecnologia - system-on-chip (SoC) - fará com que a IA seja usada para melhorar e otimizar todos os aspectos do desempenho da videovigilância, desde a configuração da câmara até à qualidade e análise da imagem.
5 - COVID-19 como catalisador
O impacto a longo prazo da pandemia do COVID-19 está a manifestar-se de várias formas. A pandemia tem sido um catalisador para tecnologias de baixo e/ou sem toque, muitas das quais estão agora permanentemente integradas, assim como o uso de vídeo inteligente para garantir o distanciamento social e o cumprimento das diretrizes de saúde pública. Em relação ao sector de tecnologia, a pandemia também gerou problemas na cadeia de abastecimentos que levaram muitas organizações a considerar como criam e obtêm os principais componentes dos seus produtos.
A natureza “conectada “de tudo tem significado que a escassez global de semicondutores tem sido uma questão significativa para muitos mercados, desde a tecnologia de consumo às fábricas de automóveis. Isto, por sua vez, levou a que mais organizações – Tesla, Apple e Volkswagen, entre elas – declarassem publicamente o desejo de conceber os seus próprios semicondutores, ou sistema em chip (SoC) (embora se deva salientar que conceber um SoC e fabricá-lo são actividades muito distintas).
6 - 5G encontra o seu lugar
Alguns podem pensar que estamos atrasados ao destacar o 5G como uma "tendência" no sector de videovigilância, pois está na agenda há vários anos. No entanto, uma nova tecnologia só se torna uma tendência quando começamos a ver casos de utilização significativa dessa tecnologia no sector de segurança e videovigilância.
Apesar de, grande parte do buzz em torno do 5G se relacionar com as melhorias de desempenho de rede para aplicações de consumo, uma das áreas mais interessantes é como as redes 5G privadas estão a surgir como um caso de uso mais atraente para a tecnologia. Acreditamos que as redes 5G privadas mostram um potencial real para as soluções de videovigilância em grandes ou vários pontos e podem trazer benefícios específicos do ponto de vista da cibersegurança. Certamente, se os clientes criarem redes 5G privadas, a videovigilância terá que ser perfeitamente integrada.
As tendências vistas pelo ângulo da sustentabilidade
A sustentabilidade não pode mais ser vista como uma tendência. Tem que ser integrada em tudo o que é feito: como os produtos são projetados e fabricados, como são geridos os negócios, o desempenho dos fornecedores, tudo alinhado para a redução do impacto ambiental e de forma ética e responsável.
Sempre que uma tendência tecnológica parece apresentar uma oportunidade, ela também deve ser examinada sob a ótica de saber se ela pode ser desenvolvida e comercializada de forma sustentável.
Da eficiência energética e dos materiais usados (e reutilizados) numa câmara, onde e como ela é fabricada e entregue, às implicações éticas de novas tecnologias e práticas de negócios, é tão importante analisar tendências em relação a critérios de sustentabilidade como identificá-las em primeiro lugar. 2022 será, sem dúvida, mais um ano fascinante, não sem desafios, mas que também trará oportunidades significativas.