Sendo uma empresa com história em hardware, a conceção de produtos sempre foi um foco para a Axis. À medida que as tecnologias e soluções de rede evoluíram ao longo dos anos, o mesmo tem acontecido com a nossa equipa de design. Onde a “função” sempre foi essencial, o papel da “forma” tornou-se cada vez mais importante. Paralelamente, os utilizadores das tecnologias de vigilância e segurança tornaram-se cada vez mais variados, e, com isso, surgiu a necessidade de conceber uma utilização mais intuitiva. Conversámos com Jonas Sjögren, Manager of Design da Axis para falar dos desafios e oportunidades e como, ele e a sua equipa, estão a enfrentá-los.
Já está na Axis há quase uma década, Jonas. Que grandes mudanças na conceção dos nossos produtos viu nesse período?
Em termos simples, uma maior variedade de produtos e um grupo mais variado de utilizadores para satisfazer. Todos conhecem a Axis, uma empresa com uma herança na criação de câmaras de videovigilância. Mas não só aumentou o número e a variedade das câmaras, como também estamos agora a criar produtos de áudio, dispositivos de controlo de acesso, gravadores de vídeo, joysticks e teclados, caixas e armários... A lista continua. Queremos que todos estes produtos respondam aos princípios da Axis de design de alta qualidade.
Uma vez mais, historicamente, os utilizadores dos nossos produtos têm sido predominantemente operadores e técnicos de segurança. Hoje em dia, os utilizadores dos nossos produtos incluem aqueles que podem ter menos, se é que têm alguma formação técnica. Um grande exemplo são as nossas câmaras corporais, que precisam de ser altamente intuitivas para serem utilizadas não só pelos agentes da lei e de segurança, mas também devido ao número crescente de aplicações por parte dos utilizadores nos transportes, no comércio, retalho e no serviço ao cliente. Da mesma forma, os intercomunicadores de rede e alguns dispositivos áudio precisam de ser intuitivos para utilização por todos - incluindo, por exemplo, alguém que visite um consultório médico ou o dentista. A conceção para estes níveis de utilização é um desafio relativamente novo para a Axis.
E como é que você e a sua equipa enfrentam esse desafio?
Em primeiro lugar, é algo que nós abraçamos. Os designers nunca se desligam realmente - mesmo como designers de produtos “industriais” - dos nossos trabalhos quotidianos, estamos altamente sintonizados com o design na vida quotidiana. Por conseguinte, a oportunidade de aplicar as nossas competências ao design que sabemos que pode ser utilizado por todos é uma oportunidade entusiasmante.
A observação é importante em qualquer processo de criação. Observar as pessoas a utilizar produtos dá uma grande visão sobre como melhorar o seu design. A prototipagem desempenha aqui um papel fundamental, particularmente em novas áreas de produtos.
Mais uma vez, as nossas câmaras corporais são um excelente exemplo. As câmaras corporais eram completamente novas para a Axis e começámos realmente a partir de uma folha de papel em branco, não querendo ser influenciados pelos produtos que já estavam no mercado. Passámos o mais rapidamente possível dos conceitos de design para os protótipos - e a impressão 3D foi um benefício real - para que pudéssemos colocar o produto nas mãos dos utilizadores, observar a sua utilização, recolher feedback e repetir o design.
Foram criados muitos protótipos de câmaras corporais durante o seu desenvolvimento, mas o sucesso do produto final é a prova do valor da prototipagem, teste e observação na criação. Como dizemos no desenvolvimento: "as primeiras alterações à criação do produto são baratas, as posteriores são caras".
Como é que a Axis decide quais os novos produtos a criar?
Não há uma só resposta a essa questão. Por vezes, um gestor de produto vem até nós com um briefing, ou mesmo apenas um problema que precisa de ser resolvido, e que dará início ao processo. Também temos processos de recolha de feedback dos clientes, e isto pode também constituir a base para melhoramentos no design de produtos existentes, ou mesmo de novos produtos por completo. Por vezes é apenas a energia criativa da equipa de design!
Um bom design é uma mistura otimizada de função e forma. Será que um desempenha um papel maior do que o outro na Axis?
Na verdade, menos agora do que alguma vez o fez. A nossa reputação tem sido baseada na excelência funcional dos nossos produtos, por exemplo, fornecendo o vídeo da mais alta qualidade em quaisquer condições, resistindo a tudo o que o ambiente lhes possa induzir. Isso nunca vai mudar. Mas a estética dos nossos produtos tornou-se cada vez mais importante por uma variedade de razões.
Em alguns cenários, a dissuasão visual de uma câmara de videovigilância é uma parte importante do seu papel na segurança e proteção, pelo que a conceção “aberta” é importante. Contudo, em outros casos de utilização, é desejável que as câmaras de vigilância se enquadrem mais perfeitamente na estética geral do design de um edifício. Por este motivo, temos agora câmaras de vigilância com uma variedade de invólucros - aço inoxidável escovado, por exemplo, ou invólucros que podem ser pintados para se alinharem com o esquema de design interior - que podem ser utilizados em locais como hotéis, instalações de lazer, edifícios residenciais e escritórios.
O mesmo se passa noutras áreas de produtos. Ficámos muito felizes por termos recebido recentemente um prémio "Red Dot" pela elevada qualidade de design para a série AXIS C15 Network Pendant Speaker. Embora estes altifalantes satisfaçam todos os aspetos funcionais que se esperaria de um produto da Axis, também são concebidos com a estética em mente. Alguns modelos podem ser encastrados num teto - sem problemas e de forma discreta - mas também temos uma versão “pendente” que pode ser pendurada num teto de qualquer altura e pintada para se enquadrar com o design geral. Nisto, tornam-se uma parte evidente do design interior de, por exemplo, um ponto de venda a retalho ou um edifício público. Foi agradável que os juízes do Red Dot Awards tenham reconhecido tanto a forma como os aspetos funcionais do design.
Disse que os designers nunca "desligam". O que traz da sua vida fora da Axis para o seu trabalho e como é que isso influencia a direção de design?
Essa é uma questão interessante. É por vezes subconsciente - não vejo frequentemente algo fora do trabalho e penso: "ah, podemos usar isso num desenho de câmara de vigilância!”
Quando não estou no trabalho, sempre que possível - e dependendo da época do ano - encontrar-me-ão ou a subir uma montanha de esqui ou no mar. Ambas as atividades misturam efetivamente aspetos de forma e função - por exemplo, as botas de esqui não são muito boas se forem desconfortáveis - mas talvez mais influentes seja a lembrança da nossa responsabilidade ambiental.
Quer esteja a mudar entre estações de esqui ou perto do oceano e vejo plástico no mar, não se pode escapar ao impacto que estamos a ter no ambiente, e isso está a tornar-se um foco cada vez maior para a Axis. Do ponto de vista da criação do produto, isso significa conceber tanto para a máxima reciclagem como na utilização de todo o material reciclado que pudermos - apoiando a economia circular - removendo materiais nocivos, e até redesenhando as embalagens dos produtos para reduzir o seu impacto. É uma responsabilidade que sentimos com grande acuidade, e sobre a qual estamos determinados a ter um impacto positivo através da melhoria e desenvolvimento de novos produtos.
