Chegámos novamente à época do ano em que antecipamos algumas das tendências tecnológicas que irão afetar o setor da segurança nos próximos 12 meses. O ritmo da mudança está mais rápido que nunca.
Algumas das tendências são evoluções das que vimos em anos anteriores. Uma é óbvia: o interesse contínuo na forma como a IA será aplicada no nosso setor, e destacámos algumas das novas considerações que terão de ser abordadas no futuro. Outras são novas, ou até um ressurgimento de tópicos em que talvez não nos tenhamos focado durante algum tempo.
Os legisladores nacionais e regionais tentarão, mais uma vez, acompanhar o ritmo da inovação tecnológica. IA, cibersegurança, privacidade, a necessidade de resiliência em entidades críticas… Todas estas (e mais) serão o foco da regulamentação proposta e nova. Não destacámos esta tendência como específica, mas não deixa de ser uma prioridade e algo a que todas as organizações terão de estar atentas.
Acreditamos que, entre todas estas tendências, existe uma oportunidade significativa para o setor. Para os nossos clientes, isso significa capacidades melhoradas, maior flexibilidade, maior eficiência e maior valor.
Soluções híbridas: a base para a liberdade de escolha
Nos anos anteriores, destacámos a forma como as arquiteturas híbridas – aquelas que fazem o melhor uso das tecnologias na periferia, na nuvem e no local – se tornaram na escolha de facto para soluções de segurança.
Os fatores que determinam a escolha da arquitetura serão exclusivos de cada organização, tendo em conta as preocupações e os requisitos tecnológicos, jurídicos, éticos e de governação. O ambiente está a evoluir rapidamente e, por isso, a liberdade de escolha é imperativa.
As soluções híbridas proporcionam a liberdade de escolha para armazenar vídeo, visualizar vídeo ou gerir dispositivos, etc. Seja através da combinação de tecnologias de periferia, na nuvem e no local para obter uma solução de sistema total ideal ou da utilização da sua flexibilidade, escolha a instância que prefere.
Quer sejam exigidas por regulamentos locais e regionais emergentes ou preocupações relativas ao controlo de dados, custos ou à eficiência energética, as soluções híbridas continuarão a oferecer a maior flexibilidade na criação de arquiteturas que se adequem melhor às necessidades organizacionais específicas e permitam a escalabilidade de um sistema.
Evolução da IA em simultâneo com a eficiência da IA
O desenvolvimento no campo da IA continua a avançar. As tecnologias de aprendizagem profunda são a base da maioria das soluções de análise no setor da segurança, enquanto as mais recentes tecnologias de IA generativa estão rapidamente a consolidar-se. Ainda existe muito exagero em determinadas áreas, mas começam a estar disponíveis aplicações reais da IA generativa no setor da segurança. Cada passo da evolução traz consigo um novo conjunto de oportunidades, mas também considerações éticas, jurídicas e corporativas.
Os modelos de IA generativa são grandes e requerem muita capacidade de computação para serem executados, o que cria um debate sobre como equilibrar o custo da IA (tanto em termos de investimento financeiro, como também em termos de consumo energético e impacto ambiental) com o seu valor. Está a fazer-se um grande esforço no sentido de reduzir o tamanho dos modelos, mantendo a qualidade dos resultados. O aumento da utilização de tecnologias de IA só reforça as arquiteturas híbridas como padrão.
As várias vertentes da IA – desde o reconhecimento de objetos baseado na aprendizagem profunda até à IA generativa – exigem ou beneficiam da sua aplicação em diferentes pontos da cadeia de valor e em ambientes específicos. A IA generativa pode ajudar os operadores a interagirem com soluções de segurança em linguagem natural, mas, pelo menos num futuro próximo, requer uma potência de processamento significativa. Por outro lado, análises baseadas na aprendizagem profunda, como o reconhecimento melhorado de objetos, podem ser realizadas dentro das próprias câmaras de vigilância.
Eventualmente, isto permitirá que os modelos generativos sejam, pelo menos parcialmente, utilizados em câmaras com resultados de alta qualidade. Ao mesmo tempo, os modelos estão a melhorar em termos de qualidade no que diz respeito a aspetos éticos, preconceitos, alucinações e o risco de tomar decisões erradas.
Ao longo do tempo, existe uma grande oportunidade de alterar drasticamente a eficiência e a eficácia das operações de segurança. Os algoritmos serão capazes de compreender o que está a acontecer numa cena e de reagir a anomalias, com base na análise de diferentes tipos de dados de entrada, incluindo, entre outros, informações visuais. Os dados de entrada serão provenientes de radares, áudio e inúmeros outros sensores. Isto criará soluções que proporcionam capacidades cada vez mais pró-ativas e geram informações valiosas sobre cenários de segurança para o planeamento a longo prazo.
Além da realidade da segurança e proteção
A aplicação de uma visão computacional cada vez mais avançada, de áudio, controlo de acessos e outras tecnologias conectadas continua a servir casos práticos de segurança e proteção. Uma maior precisão da análise através da aplicação da IA – particularmente no reconhecimento de objetos – significa que os incidentes podem ser respondidos de forma mais rápida e eficaz do que nunca.
O que também é claro é que os dados gerados por sensores de todos os tipos – vídeo, áudio, ambiente e muito mais – podem beneficiar inúmeros casos práticos de utilização além dos tradicionais. Embora ainda represente uma parte relativamente pequena do mercado, esperamos ver uma aceleração das aplicações em linha com a eficiência operacional e a inteligência empresarial.
Esta tendência destaca as oportunidades para uma maior colaboração entre as organizações dos clientes. A tecnologia a ser adquirida ou especificada para um caso prático de utilização pode muito bem ser utilizada numa outra área das operações de uma empresa. Por exemplo, os dados criados por câmaras de vídeo utilizadas principalmente para fins de segurança podem ser analisados ao longo do tempo para melhorar a experiência do cliente ou do funcionário, a sustentabilidade ou a eficiência do processo.
Através das plataformas de hardware de alta qualidade disponíveis, o ritmo de desenvolvimento e inovação é surpreendente. Os fornecedores de hardware que promovem um ecossistema aberto e colaborativo de programadores de aplicações e integradores de sistemas irão proporcionar um maior valor aos clientes mais rapidamente.
O "renascimento" da qualidade da imagem
Pode ser contra-intuitivo sugerir que um foco na qualidade da imagem é uma tendência no setor, quando muitos assumiriam que sempre foi uma prioridade (o que, obviamente, é verdade). A tendência está na forma como as imagens dos sensores visuais estão a ser utilizadas e, com isso, no aumento das oportunidades que uma melhor qualidade da imagem proporciona.
O paradigma muda quando consideramos que as imagens são agora frequentemente visualizadas e analisadas inicialmente por computadores em vez de seres humanos, e que as imagens são visualizadas continuamente, em vez de quando ocorreu um incidente de interesse.
Os avanços na análise e na IA significam que uma imagem de resolução mais elevada levará inevitavelmente a um melhor resultado, seja qual for o caso prático de utilização. O reconhecimento de objetos será mais preciso e serão criados dados (e metadados) mais detalhados. Foi relançada a promoção de uma qualidade da imagem ainda melhor.
Com isso, surgiram oportunidades no domínio da eficiência e eficácia. Uma única câmara que produza uma qualidade da imagem muito superior pode cobrir uma área tão grande que, anteriormente, seriam necessárias várias câmaras. As imagens de resolução mais elevada também suportam análises, por exemplo, em grandes multidões, cruzamentos de trânsito movimentados ou linhas de produção em movimento rápido.
O ser humano ainda está muito "em circuito", como diz o ditado. Os operadores serão automaticamente alertados para as cenas às quais precisam de prestar atenção, aumentando a eficiência e a eficácia de uma resposta. O foco na qualidade da imagem também prestará grande atenção à manutenção das câmaras de vigilância – que ocntinua a ser frequentemente uma tarefa manual – uma vez que pequenas obstruções podem ter um impacto significativo na análise.
O valor a longo prazo dos produtos vem do suporte a software
No topo do setor da segurança, a qualidade do hardware tem vindo a melhorar, ano após ano. Hoje em dia, os dispositivos de hardware podem ter uma qualidade tão alta – particularmente em termos de desempenho e capacidades – que as expectativas sobre a sua vida útil são maiores do que nunca.
Mas enquanto o hardware de qualidade pode durar muitos anos – como ilustrado pela duração das garantias – o fator que define a funcionalidade de uma câmara, incluindo a cibersegurança, e, por conseguinte, o seu valor ao longo da vida útil, vem do apoio contínuo ao software.
Os compromissos do fornecedor relativamente ao suporte ao software ao longo da vida útil esperada do hardware são essenciais; software que continua a melhorar e a desenvolver as capacidades da câmara e a mantê-la o mais segura possível.
Isto também sustenta o custo total de propriedade do hardware. Um investimento numa câmara de melhor qualidade, com suporte de software abrangente ao longo do seu ciclo de vida, será, em última análise, uma solução mais eficaz e eficiente.
Autonomia tecnológica para benefício do cliente
O nosso papel, e o do nosso ecossistema de parceiros, é, em última análise, focar-nos em satisfazer as necessidades dos clientes. A tecnologia só pela tecnologia não serve o propósito de ninguém – as inovações têm de estar em linha com as prioridades do utilizador final.
Isto significa claramente apoiar os objetivos dos clientes em termos de proteção e segurança, eficiência operacional e inteligência empresarial. Mas também significa apoiar a sua postura de cibersegurança, o compromisso com a sustentabilidade através de soluções energeticamente eficientes e a flexibilidade e liberdade de escolha através de tecnologias e plataformas baseadas em normas abertas.
Os fornecedores de tecnologia com mais autonomia em relação às suas tecnologias de núcleo estão claramente melhor posicionados para apoiar estes requisitos do cliente. Um maior controlo sobre a tecnologia fundamental, a começar pelo silício, permitirá que um fornecedor conceba capacidades e funcionalidades específicas nos seus produtos, em linha com as necessidades do cliente. Esta abordagem à propriedade da tecnologia de núcleo também permitirá que um fornecedor suporte os compromissos de ser "seguro por conceção".
Além disso, um maior controlo da tecnologia – ao nível de um componente ou mesmo de material – é um pré-requisito importante para mitigar de forma mais eficaz os riscos de uma perturbação mais ampla das cadeias de distribuição globais. Isto aumenta a capacidade de satisfazer os requisitos dos clientes, quando são necessários.
Já estamos a ver empresas que tradicionalmente teriam sido consideradas fornecedores de software a conceberem os seus próprios semicondutores para ganharem mais controlo sobre a prestação dos seus serviços – particularmente na área da IA – e prevemos que esta tendência se mantenha em todos os setores. A independência da tecnologia de núcleo é uma tendência onde orgulhosamente mantemos um certo avanço, tendo desenvolvido o nosso próprio sistema integrado, o ARTPEC, nos últimos 25 anos.
Por isso, temos aqui a nossa abordagem a algumas das tendências que irão moldar o setor da segurança em 2025. Temos a certeza de que terá as suas próprias opiniões sobre estas e talvez outras tendências. Teremos todo o gosto em continuar a conversar consigo sobre este assunto.